segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DONA MATURIDADE

DONA MATURIDADE


Já passei dos quarenta anos.
Não sou nenhuma velha, eu sei.
Mas encontrei a maturidade - e essa tal de Maturidade que não me dá as resposta que pensei ter nesta etapa da vida?
É, sempre fui uma questionadora de mim mesma. Sempre quis saber quais caminhos percorria, se eram válidos ou não, se me levavam ao destino que eu queria ou não. Nem sempre tive respostas para tais perguntas. Porém, acreditava que, com a maturidade (Santa Maturidade!) fosse tê-las, afinal seria então uma mulher madura, experiente.
Qual o quê!
Outro dia deram-me um belo texto para ler. Falava da águia, depois de muitos anos de vida, e sua luta para renovar-se e intentar um longo vôo, que a levaria à plenitude.
Senti-me a própria águia. Sei que estou disposta a entregar-me ao processo evolutivo da alma, para atingir o fim almejado, ou seja, terminar esta existência tendo aprendido um pouquinho mais sobre a vida.
Mas é difícil, muito difícil.
Continuo sem aquelas respostas para perguntas tão antigas, que nem me lembro desde quando povoam minha mente.
Insisto em buscar o entendimento sobre a vida, sobre a existência, mas sempre me perco ao longo do caminho.
Tenho lido, tenho estudado, procurado respostas no meu íntimo e fora dele, com pessoas que já descobriram algumas.
A única coisa que descobri foi que sou a única responsável pelos revezes de minha vida, pelos contratempos e desilusões; que meus males são por mim mesma provocados; que apesar de ter a idiota e inútil pretensão de controlar a vida, é ela quem me controla; que apesar de dizer que acredito em Deus, dele estou sempre duvidando, pois todos os dias deixo de confiar nas leis da vida, para amedrontar-me perante os acontecimentos cotidianos.
Dona Maturidade, será que não dá para entrarmos num acordo?
Tentarei não ser tão pretensiosa e nem tão orgulhosa (tão sabichona...) e a senhora me dá algumas respostas sobre mim mesma e a vida (pelo menos algumas. As mais importantes. Pode ser ?).
Prometo usá-las não só para minha felicidade, mas principalmente para tentar fazer felizes os que amo (e os que não amo também) e ser um pequeno grão de areia nesse vasto deserto, que fará tudo para disseminar o amor e amar ao próximo (não sei se vou conseguir tal intento no sentido mais nobre e cristão da expressão, mas tentarei com todas as minhas forças, pode acreditar - sim, eu sei que não sou muito forte, mas não custa tentar ...).
Prometo também nem ligar para as rugas, os cabelos brancos e para os efeitos da tal lei da gravidade ...
Dona Maturidade, será que podemos ser amigas?
Se a senhora aceitar essa amizade, penso que poderei, logo, logo, tentar um acordo também com a Dona Velhice.
Que será que vou poder oferecer em troca da sabedoria que ela, com certeza, poderá me dar? Espero ao menos chegar ao seu encontro menos orgulhosa, menos vaidosa e egoísta, se não, não vai dar nem para começar a conversa...

Agosto/2001
(*) é, já faz tempo. E ainda continuo procurando respostas e errando todos os dias. Parece que a idade não cura os defeitos. Daqui a pouco estarei conversando com a Dona Velhice, sem ter saído do lugar. Droga!!!

4 comentários:

  1. Mãe, para mim, com meus MUITOS 30 anos, maturidade é não parar pra entender. Viver e ser feliz... mais pra quê??
    te amo,,,
    PAT

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  2. Minha filha, com seus APENAS 30 anos, você tem uma sabedoria que muitas pessoas com 50 ou mais (eu, por exemplo) não têm.
    "Não parar para entender ..."
    Preciso 'entender' melhor o alcance desta afirmação.
    Grandes beijos amorosos para você.

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  3. sei nao leninha
    com a idade, maturidade ou sei lá q outro nome dar a essa m...
    me pego a cada dia com "menas" certezas
    1beijo
    ps: bom pelo menos seu texto melhora a cada dia ou seria a cada postagem???
    herse

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  4. Maria Helena,
    Provavelmente você não sabe, mas sou fotógrafo por profissão e conplemento minhas atividades com trabalhando com a edição de livros de arte. Com essa experiência, posso dizer que seu texto, sem entrar em detalhes técnicos, é estruturado, com princípio, meio e fim, coisa rara de se ver em pequenos textos. Recomendo, sinceramente, que comece a escrever. Existe um público leitor carente em textos voltados aos temas da maturidade. São poucos autores com sensibilidade para escrever ao segmento.
    Parabéns.
    Honyldo

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