segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DONA MATURIDADE

DONA MATURIDADE


Já passei dos quarenta anos.
Não sou nenhuma velha, eu sei.
Mas encontrei a maturidade - e essa tal de Maturidade que não me dá as resposta que pensei ter nesta etapa da vida?
É, sempre fui uma questionadora de mim mesma. Sempre quis saber quais caminhos percorria, se eram válidos ou não, se me levavam ao destino que eu queria ou não. Nem sempre tive respostas para tais perguntas. Porém, acreditava que, com a maturidade (Santa Maturidade!) fosse tê-las, afinal seria então uma mulher madura, experiente.
Qual o quê!
Outro dia deram-me um belo texto para ler. Falava da águia, depois de muitos anos de vida, e sua luta para renovar-se e intentar um longo vôo, que a levaria à plenitude.
Senti-me a própria águia. Sei que estou disposta a entregar-me ao processo evolutivo da alma, para atingir o fim almejado, ou seja, terminar esta existência tendo aprendido um pouquinho mais sobre a vida.
Mas é difícil, muito difícil.
Continuo sem aquelas respostas para perguntas tão antigas, que nem me lembro desde quando povoam minha mente.
Insisto em buscar o entendimento sobre a vida, sobre a existência, mas sempre me perco ao longo do caminho.
Tenho lido, tenho estudado, procurado respostas no meu íntimo e fora dele, com pessoas que já descobriram algumas.
A única coisa que descobri foi que sou a única responsável pelos revezes de minha vida, pelos contratempos e desilusões; que meus males são por mim mesma provocados; que apesar de ter a idiota e inútil pretensão de controlar a vida, é ela quem me controla; que apesar de dizer que acredito em Deus, dele estou sempre duvidando, pois todos os dias deixo de confiar nas leis da vida, para amedrontar-me perante os acontecimentos cotidianos.
Dona Maturidade, será que não dá para entrarmos num acordo?
Tentarei não ser tão pretensiosa e nem tão orgulhosa (tão sabichona...) e a senhora me dá algumas respostas sobre mim mesma e a vida (pelo menos algumas. As mais importantes. Pode ser ?).
Prometo usá-las não só para minha felicidade, mas principalmente para tentar fazer felizes os que amo (e os que não amo também) e ser um pequeno grão de areia nesse vasto deserto, que fará tudo para disseminar o amor e amar ao próximo (não sei se vou conseguir tal intento no sentido mais nobre e cristão da expressão, mas tentarei com todas as minhas forças, pode acreditar - sim, eu sei que não sou muito forte, mas não custa tentar ...).
Prometo também nem ligar para as rugas, os cabelos brancos e para os efeitos da tal lei da gravidade ...
Dona Maturidade, será que podemos ser amigas?
Se a senhora aceitar essa amizade, penso que poderei, logo, logo, tentar um acordo também com a Dona Velhice.
Que será que vou poder oferecer em troca da sabedoria que ela, com certeza, poderá me dar? Espero ao menos chegar ao seu encontro menos orgulhosa, menos vaidosa e egoísta, se não, não vai dar nem para começar a conversa...

Agosto/2001
(*) é, já faz tempo. E ainda continuo procurando respostas e errando todos os dias. Parece que a idade não cura os defeitos. Daqui a pouco estarei conversando com a Dona Velhice, sem ter saído do lugar. Droga!!!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA


A aprovação popular e eventuais notícias que atribuem à Administração Pública reputação de eficiência, nem sempre são suficientes para que se concretizem os efeitos do PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA, que é um dos nortes a serem seguidos pelos administradores públicos.
Como é sabido, a Constituição Federal, no art. 37, impõe à Administração Pública, dentre outros, o princípio da eficiência, determinando, pois, que os gestores públicos atuem não só mais com base na legalidade, moralidade, impessoalidade, mas também primem pela eficiência dos serviços públicos e da gestão da coisa pública.

O constituinte, ao atribuir a eficiência como princípio norteador da Administração Pública, faz com que se busque obter o mais com menos, ou seja, que se obtenham resultados cada vez mais satisfatórios utilizando-se cada vez menos recursos públicos (estes entendidos não apenas como receitas públicas, mas todo o ‘instrumental’ público).
Marçal Justen Filho1 destaca que o princípio da eficiência não deve ser atrelado apenas à racionalidade econômica, mas traduzir valores de diversa ordem, dizendo que a “eficácia tem de ser avaliada como ponderação de interesses e de valores de distinta natureza, sem eleger o lucro e a rentabilidade econômica com princípio único ou fundamental”, visto que a “atividade da Administração Pública é norteada por uma pluralidade de princípios, todos os quais devem ser realizados de modo conjunto e com a maior intensidade possível. Veda-se o desperdício econômico precisamente porque a otimização dos recursos propicia realização mais rápida e mais ampla dos encargos estatais.”

Para Modesto2, pode-se definir o princípio da eficiência como a “exigência jurídica, imposta à administração pública e àqueles que lhe fazem as vezes ou simplesmente recebem recursos públicos vinculados de subvenção ou fomento, de atuação idônea, econômica e satisfatória na realização das finalidades públicas que lhe forem confiadas por lei ou por ato ou contrato de direito público.”
O mesmo autor defende que não apenas os entes privados asseguram e impõem padrões de eficiência nos serviços que prestam. Também a Administração Pública pode e deve atuar dentro dos mesmos padrões: “mudam a natureza dos resultados pretendidos e a forma de realização da atividade, mas a necessidade de otimização ou obtenção da excelência no desempenho da atividade continua a ser um valor fundamental e um requisito da validade jurídica da atuação administrativa”.
Conclui o autor baiano que o papel do princípio da eficiência pode ser justamente ‘revigorar o movimento de atualização do direito público, para mantê-lo dominante no Estado Democrático e Social, exigindo que este último cumpra efetivamente a tarefa de oferecer utilidades concretas ao cidadão conjugando eqüidade e eficiência. Não é uma síntese fácil, mas é uma síntese possível também para o direito administrativo, que vem traduzindo essas aspirações na utilização crescente de formas de agir "consertadas", "não autoritárias", "fomentadoras", "negociadas", distantes do padrão de agir da administração do estado liberal, policialesco, centrado na limitação e disciplina dos interesse privados sob formas imperativas, sancionadoras, hierarquizadas, soberanas. Encontrar um novo equilíbrio entre os interesses fundamentais tutelados pelo direito administrativo, evitando tanto a prepotência quanto a impotência do Estado, é o desafio posto à doutrina do nosso tempo e o resultado possível de um debate ainda muito longe de ser concluído”.
Pode-se dizer, então, que a eficiência da atividade administrativa deve ser atingida sem se olvidar da legalidade, da igualdade, da moralidade, da proporcionalidade e da razoabilidade.
E como falar em reputação de eficiência para Municípios deste Brasil afora que não atendem nem mesmo ao mínimo padrão de saneamento básico estabelecido pela Organização Mundial da Saúde, por exemplo?
Ou, quando se veem crianças do Maranhão tentando livrar-se do analfabetismo numa tapera de barro, sem banheiro, sem mobiliário, sem material escolar, sem motivação, sem crença no futuro, sem nem mesmo entender o que poderia significar "futuro"?
Tudo isso denota não apenas desrespeito ao princípio da eficiência, mas também desrespeito à cidadania e à própria democracia (que, com relação à brasileira, alguns estudiosos já denominam de "baixa densidade")
Atualmente, nem os cidadãos, nem os gestores públicos podem se dar por satisfeitos com nada menos do que a prestação de serviços públicos eficientes e eficazes.


1 FILHO, Marçal Justen. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005, .p. 85
2 MODESTO, Paulo. Notas para um debate sobre o princípio da eficiência. Jus Navigandi, Teresina, ano 5, n. 48, dez. 2000. Disponível em: . Acesso em: 06 jul. 2008.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Nossa viagem para Paris - 3ª parte

DIA 02 DE JUNHO DE 2009

Dormimos até mais tarde e saímos do hotel por volta das 11:30h. Fomos a pé até a Place Nation que, embora seja ponto de referência, não traz grandes atrativos turísticos (salvo alguns bistrôs e bares).


Seguimos, a pé, até a Place de La Bastille, fotografamos o moderno prédio da Ópera Bastille e seguimos pelo canal Saint Martin.

O local é lindo, com bonitos jardins floridos margeando a marina do canal.




Neste trajeto, recebi uma ligação da Mayda. Estava vendo noticiário no Brasil e, ao ouvir informações sobre o desaparecimento do avião da Air France, resolveu me ligar. Contou que meu pai até chorou quando soube do acidente, pois não sabia direito quando eu teria vindo.

Brinquei com ela e mandei recado para meu pai que o avião “da vez” já havia caído e que logo estaríamos de volta. No entanto, imagino o que meu pai deve ter sentido: como estávamos viajando, justamente para Paris, a sensação deve ser de que poderíamos ser um dos mortos e que a dor dos parentes dos que estavam no avião poderia ser a dor dele (como disse minha amiga Maria Helena: ao ouvir sobre os desaparecidos, ela pensava que a situação poderia acontecer com qualquer um e não estamos imunes a ela).
Saímos dali, paramos numa padaria/bar e compramos panini, sanduíche, torta de framboesa, coca-cola e água Perrier.
Caminhamos até a Place des Voges e ali, no parque, fizemos nosso lanche/almoço - nesta época do ano, os parques são muito procurados para lanches e desfrute do sol.

Continuamos ainda a pé, em direção ao Palais Royal, mas, antes, passamos pelo Centro Pompidou e Forum Les Halles. Construções modernas, que se destacam no meio de prédios seculares. Aproveitei para fotografar a fachada do restaurante onde a Paty comia quase todos os dias, quando morou em Paris, em 2000.


Já tínhamos andado muitos quilômetros e meus pés começavam da dar sinal de alarme, apesar do tênis confortável. Paramos num jardim, tirei os sapatos e as meias. Massageei os pés e os coloquei numa fonte de águas geladas (lá,i isso não é raro e nem proibido).

Ainda fotografamos a Igreja de Saint Eustaque e o prédio da bolsa de mercadorias (La Bourse), que ficam ao lado do tal jardim onde descansei os pés.

No caminho para o Palais Royal, compramos vinho e queijos para tomar e comer, mais tarde, no hotel.

Estávamos ali na Rue Rivoli, ao lado de uma estação de metrô, o cansaço já “batia”, mas o prédio da Ópera Garnier estava tão perto (500m mais ou menos), que não poderíamos deixar de vê-lo.

Estava fechado, mas valeram as fotografias da fachada.

Além dos pés doloridos, sentia uma dor terrível na minha coluna (na corcunda, como diz o Paulo). Acho que foi a máquina fotográfica pendurada no pescoço e a bolsa pesada, a tiracolo – nada disso parece pesado por algum tempo, mas 6 horas depois, caminhando, é de matar!!!
Mas a Place Vendôme estava ali tão perto ... e lá fomos nós. A pé. Cada passo parecia um percurso de 100 metros (com obstáculos).


Ao longo da avenida que liga a ópera à Praça Vendôme, as lojas, as joalherias são maravilhosas.
Na praça, estão o famoso Hotel Ritz, a loja Cartier e outras famosas – nestes lugares é que percebemos o quanto somos pobres!




Meus pés e minhas costas doíam muito e meu humor já não era dos melhores.

No final, ainda seguimos pela Rue Rivoli até uma estação de metrô em frente ao Louvre (aquela da qual estávamos ao lado, antes de ir até o Ópera Garnier!!!).

Cheguei ao hotel “morta de cansaço” e com muita dor. Não sei quantos quilômetros caminhamos ao longo do dia, mas foi exaustivo (eu não tenho mais 20 anos, caramba!). O Paulo parece de ferro – se preciso fosse, ainda seguiria a pé para outro destino ...


Descansamos um pouco, tomamos um bom banho quente e comemos queijos (camembert e ementhal) e bebemos vinho da Borgonha em copo descartável – coisas de turista ... pobre.




DIA 03 DE JUNHO DE 2009

Como já cansei de falar, dormir bem para mim é essencial.
Naquela noite a coisa não foi boa. Como no quarto não tem ar condicionado, deixamos a janela (que é anti-ruído) aberta e a cortina ficou mal fechada. Por volta de 5 horas da manhã, o sol já nascia e, em seguida, caminhões de carga e descarga começaram seu serviço. Nem preciso escrever mais nada, né?

Tomamos o metrô para o Chateau de Vincenes, ao lado de Paris. Durante a viagem, o carro teve algum problema e ficamos parados mais de 20 minutos.

Chegamos ao castelo medieval, que é muito bonito. É cercado por muralhas e dentro delas existe o chateau propriamente dito (que serviu de residências para reis em apuros e também de prisão para Marques de Sade e outros presos ilustres) e uma igreja, que foi semidestruída por uma tempestade em 1999.

Fora das muralhas fica o Parque Floral de Paris, que dizem ser muito bonito, mas não tivemos tempo para visitar.
O Paulo foi visitar o interior do castelo e eu fiquei sentada num banco de jardim, escrevendo minhas anotações.O dia estava lindo, com céu azul e temperatura agradável.

Alguém me pediu licença para dividir o banco e logo percebi que era brasileiro. Estava a passeio com um amigo também brasileiro, que mora na Suíça. Um deles me disse que não parecia brasileira, mas sim uma antropóloga francesa fazendo anotações sobre o que via – em todos os lugares do mundo existem brasileiros!

De novo no metrô até a estação Anvers, que é a mais próxima do “forniculare” que leva até a Igreja de Sacré Coeur e a uma simpática pracinha de Montmartre cheia de artistas, bares e restaurantes. Fomos primeiro à pracinha e depois à igreja - que é bonita, mas seu interior não chega a ser deslumbrante.

Diria que sua fachada já foi mais branca ou mais clara ou mais limpa, sei lá. Descemos suas escadarias tirando fotos, comemos um panini e pegamos outro metrô até a Ópera Garnier. Embora ainda estivesse aberto, faltava apenas 10 minutos para fechar e a sala de espetáculo estava fechada, pois, à noite, haveria um evento.



Fomos à Galerie Lafayette e, mais uma vez, nos chocamos com os preços. Gostei de vestidos entre $ 600 e $ 3000 E (e não estou falando de nada muito festivo). Um par de Havaiannas, com detalhe em brilhantes (um mísero coraçãozinho, que o Paulo garante que era formado por cristais e nãp brilhantes), custava $ 480 E – multiplique os preços por três e saberá quanto custa em Real.

Saímos dali caminhando e, considerando que meus pés doíam muito, que meu par de Havaiannas estava na mochila e que ninguém me conhecia, troquei o sapato pelo chinelo ali na rua mesmo, ao lado do suntuoso prédio da ópera – quem deve ter gostado foram uns turistas que lotavam um ônibus estacionado ao lado.


Caminhamos mais um pouco e resolvemos jantar num bistrô perto da Place de La Bastilha, chamado L’Amie Pierre. Tomamos outro metrô e paramos bem perto do restaurante (lembrete: antes de sair da estação do metrô troquei o chinelo pelo tênis).


Ainda não era 19:30h e somente o bar estava funcionando. Tomamos umas taças de champagne e depois jantamos (o Paulo insistiu no ‘entrecôt’ e e eu pedi um ravióli com gorgonzola, ambos precedidos por uma deliciosa salada com folhas, tomates cerejas, camarões e salmão). Tudo acompanhado de um bom vinho.

Ainda lá no bistrô, mandei uma mensagem para a Paty e o Paulo cuidou de fazer uma bela declaração de afeto a ela (segundo suas palavras, a Paty e o Ruy são pessoas ótimas, de quem ele gosta muito. Concordo. Amo muito meus meninos!).
Como de costume, depois das taças de champagne e vinho, o Paulo saiu pisando em nuvens e achando o mundo cor de rosa (não obstante reclamasse dos preços cobrados lá em Paris).



Resolvemos seguir a pé até o hotel. Era perto (mais ou menos 1.700m) – dá para imaginar o quanto andamos a pé por Paris?




Na Place Nation, o Paulo entendeu que “precisava” tomar uma cerveja Guiness num pub irlandês. Achei mais sábio e cômodo concordar.



O vento estava frio e a noite chegava – já passava das 22 horas.Ainda passamos num supermercado para comprar espuma de barbear e uma garrafa d’água (no quarto do hotel também não tem frigobar).

DIA 04 DE JUNHO DE 2009

Pretendíamos sair cedo para aproveitar bem o dia, mas saímos na hora de sempre: 10 e pouco.

Primeiro, tentamos fazer nosso “check in on line” e, para isso, precisamos encontrar uma lan house ou um cyber café.

Atualmente, quase não se vê esse tipo de estabelecimento (como acontecia em 2000 e a internet ainda não era tão disponível).

Não conseguimos fazer o check in (faltava mais de 24 horas para o horário do vôo), voltamos ao hotel, consultamos a lista telefônica e encontramos o endereço da TAP.

Saímos em direção do Ópera Garnier, mas, antes, passamos na TAP (estava fechado para o almoço).

Passeamos pelo Boulevard Hausmann, comemos um lanche do Mc Donalds, voltamos na TAP (não resolvemos nada!) e, finalmente, fomos visitar o interior do Ópera.



Mais uma vez a sala de espetáculos estava fechado, mas conseguimos dar uma espiadela e tirar umas fotos.



O prédio é suntuoso, rico, lindo!




Depois da visita, tomamos outro metrô até o Museu D’Orsay. Eu fiquei lá e o Paulo seguiu a pé até o Invalides, rever um museu de armas que existe lá.

O D’Orsay é lindo, com obras famosas de Monet, Renoir, Manet, Degas etc.

Tirei algumas fotos, comprei uns souvenirs e sentei na escada em frente ao museu, para esperar o Paulo, que deve ter-se entretido com as armaduras, espadas etc.etc.etc. (combinamos de nos encontrarmos por volta das 17:00hs).
Tirei as sandálias e fiquei descalça, “of course”!

Pô, não acredito! O cara da “aliança de ouro” apareceu de novo!


É interessante observar as pessoas que passam. Algumas voltam do trabalho, a maioria é turista. Tem gente de todo lugar do mundo, que passa sem importar com nada, a não ser com aquilo que veio conhecer.

Os idiomas são diversos e, claro, sempre se ouve um português/brasileiro.Ao contrário de alguns imigrantes africanos, que sempre entram nos lugares falando e rindo muito alto, os turistas brasileiros que vi pelas ruas comportavam-se de maneira sóbria, sem bagunça ou algazarra. Legal!

Eram 17:40 hs e o Paulo não aparecia.

Resolvi anotar alguns preços:Ópera $ 8 ED’Orsay $ 8 EBilhete barco que passeia pelo Sena, por 1 dia $ 12 EBilhete do metrô $ 1,60 ECamiseta pólo $ 100 ECoca-Cola $ 2,60 ESapato popular $ 90 a $ 120 EBig Mac $ 12,90 EChopp no buteco do Bona $ 9,80 E + 15% de serviço !!!

Algumas impressões:
- o hotel não é tão ruim. As roupas de cama e de banho são brancas e limpas. O banheiro também. A senhora da recepção não é uma bruxa como comentou um hóspede na internet
- a mulher francesa não é gorda, mas também não é bela. A parisiense comum não é mais aquela mulher charmosa e bem vestida; usa maquiagem, mas sem exagerar nas cores
- o homem francês é meio narigudo, mas é bonito e charmoso (veste-se melhor do que as mulheres)
- a moda globalizou-se de vez. Não há novidades nas vitrines – algumas peças mais bonitas e preços muito altos

Caramba, o Paulo está muito atrasado (mais ou menos uma hora)! Embora minha intuição me diga que, daqui a pouco, ele aparecerá todo agitado, todo estabanado, como um menino que chega atrasado à escola, fico preocupada.

Tomara que ele chegue logo!

Lá vem ele: são 18:30 hs.
Divertiu-se muito bem sozinho: socorreu uma francesa que caiu com a bicicleta; fez compras na boutique da Assembléia Nacional; e ainda visitou o tal museu de armas antigas, até que lhe puseram para fora, porque estava na hora de fechar.

Dali, seguimos a pé até a outra margem do Sena, indo pela passagem entre o Louvre e a Tuleries.

Aproveitamos para comprar alguns souvenirs na Rue Rivoli.Tomamos o metrô até a estação Point Marie, que fica bem em frente a Cite dês Arts, onde a Paty morou em 2000 e para onde ela gostaria muito de voltar.


Fizemos algumas fotos para levar de lembrança para ela e resolvemos jantar no Trumilou – um bistrô muito acolhedor, que já conhecíamos desde 2000.Comemos uma salada com “charcuteries” e filet de peixe a Julienne (com espinafre e legumes, acompanhado de vinho branco).


Retornamos para o hotel e deixamos um taxi marcado para no dia seguinte levar-nos ao aeroporto.



Hora de arrumar as malas.

Stress total!

Será que cabe tudo?

E a mala que quebrou? Devíamos ter comprado outra (uma das poucas coisas que estava mais barata que no Brasil).

Os dois querendo arrumar as coisas à sua maneira (diferentes, claro!).

Banho e cama.

No dia seguinte seria o dia de voltar.


DIA 05 DE JUNHO DE 2009

Acordamos pouco antes das 07:00 hs, tomamos o café da manhã, arrumamos o restante das “coisas” e tomamos o taxi para o Aeroporto de Orly (que fica ao sul de Paris e é considerado doméstico).

Nosso vôo é até Lisboa, onde pegamos um A330 para São Paulo.

Tudo transcorreu bem e nossa conexão foi imediata (não deu tempo nem de fazer xixi), pois a aeronave teve que entrar na fila de pouso, sobrevoando Lisboa, e atrasou um pouco.

Ver Lisboa do alto deu saudades e uma vontade de ficar ali por alguns dias.Voltaremos.

Mandei um torpedo para o celular da Paty, com o número do vôo e pedi para ela fazer reserva num hotel em São Paulo.

Num determinado momento da viagem, a bordo de um A 330 (igual àquele que havia sumido, desintegrado ou sei lá o quê uns dias antes), fiz algumas anotações.

Havia muitos brasileiros e portugueses a bordo.

Alguns assentos ficaram vazios e o Paulo e eu aboletamo-nos em 4 poltronas (deu até para dormir). Voo calmo e tranquilo. Pousamos em São Paulo às 22:00hs (horário de Brasília).

Ah, como é bom viajar! E como é melhor ainda voltar para casa!

Ainda bem que, quando nos empolgamos em viajar, esquecemos como a viagem em si é cansativa.

Lá estavam a Paty e o Ruy a nos esperar – que delícia abraçar forte meus meninos!!!

Fomos para o hotel, deixamos nossa bagagem e saímos para jantar no Planetas (Praça Roosevelt), onde comemos uma belíssimo filet com talharini.

Fomos dormir já era 03:00hs da manhã – estávamos “no ar” (sem dormir) há mais de 24 horas.


DIA 06 DE JUNHO DE 2009

Voltamos para Ribeirão Preto de ônibus e chegamos em casa por volta de 16:00hs.

À noite, fomos matar saudades do filet da Recra, em companhia dos amigos Beto/Cris, Gepe/Maria Helena e Fabinho.

Finalmente iríamos ter uma boa noite de sono na nossa cama, no nosso quarto – que bom!!!Viajar é bom, mas cansa pra caramba!

Teremos uns 3 dias para descansar.

Na quarta-feira vamos para Gramado! rs ..rs ... rs ...

Nossa viagem para Paris - 2ª parte



OS DIAS ANTES DA VIAGEM

Muitos se sentem estressados antes de uma viagem.
O Paulo se empolga tanto, que costuma ficar doente.
Eu também fico um pouco ansiosa e digo que só relaxo depois que sento na poltrona do avião.
As providências preliminares, os documentos, as malas, o “check in”, o horário de embarque, tudo isso me deixa tensa e preocupada. Parece que estou esquecendo alguma coisa (e normalmente esqueço mesmo), confiro (mais de uma vez) se o passaporte está em segurança, se as passagens estão na bolsa, se, se, se ...
Dessa vez, uns dois dias antes, sentia-me incrivelmente esgotada e indisposta.
Na sexta-feira (29/05), nossos amigos, GEPE e Maria Helena, gentilmente nos convidaram para um bota-fora na casa deles. Nem assim senti-me mais animada ou menos cansada.
Não sei se estava ‘captando’ alguma energia da tragédia do acidente aéreo que aconteceu dias depois, mas estava muito ruim e não havia explicação para aquele estado de espírito.

DIA 30 DE MAIO DE 2.009

Tomaríamos o ônibus para São Paulo, às 7 horas.
Acordei bem cedo, tomei um banho e, de novo, um mal estar inexplicável.
O taxi chegou, tomamos o ônibus – viagem tranquila.
Terminal Tietê – taxi – Cumbica.
Cedo ainda.
Embalamos as malas com aquele plástico transparente. Fizemos check in com calma. Comemos um lanche no Mac Donalds.
Passagem pela Polícia Federal: alguns hidratantes e protetores solares ultrapassavam 100 ml e tive que comprar umas embalagens na farmácia (comentário do Paulo: “te falei para colocar tudo na mala, sabia que isso iria acontecer...” É, aconteceu.)
Trajeto da viagem: Cumbica, Lisboa e Paris.
O vôo atrasou por meia hora e nossa conexão em Lisboa foi adiada de 07:00h para 9:35h.
Apesar das minhas angústias, a viagem foi boa, sem incidentes e sem medos (se é que se pode chamar de boa uma viagem de 10 horas, em que você fica sentada numa poltrona com pouquíssima inclinação, come uma comida ruim e não consegue dormir; por outro lado, a almofada era macia e a manta quentinha).
Voamos num A330 (mesmo modelo daquele que caiu no domingo), da TAP.
Todas as poltronas contam com um monitor de vídeo, com disponibilidade de filmes, notícias, TV, músicas, jogos e programação infantil. Muito legal. Assisti a uns dois filmes (com legenda de português de Portugal – é, é diferente sim) e ouvi cd da bossa nova (Caetano e Roberto Carlos).
Chegamos a Paris, no Aeroporto de Orly, num dia lindo e ensolarado, por volta das 14:00 h – já era dia 31/05 (+ 5 horas de São Paulo).
Tomamos um taxi para o hotel (Timhotel Gare de Lyon), que era bem menos pior do que esperávamos.
O quarto é pequeno, mas não cheira a mofo, os lençóis são brancos e limpos; o banheiro também é pequeno, mas limpo – nem precisamos usar as toalhas de banho e fronhas que trouxemos (por cautela).
Estivemos viajando por 25 horas O cansaço era enorme; o sono fazia uma falta incrível; o inchaço dos pés era evidente. Mas Paris nos esperava. Banho e rua!
Tomamos o metrô ao lado do hotel (Linha 2 – Estação Avron) e descemos perto do Arco do Triunfo.
Passeamos por ali, tiramos algumas fotos (inclusive de uma cerimônia cívica, aparentemente com a participação de veteranos de guerra, pois no dia seguinte comemorariam a Invasão da Normandia). Descemos a Avenue Champs Elysée, cheia de turistas, com suas lojas famosas e cafés com mesas nas calçadas.
Tentamos localizar um restaurante recomendado pelo GEPE e MH (Pino – comida italiana), mas não o encontramos.
Resolvemos, então, comer em outro recomendado por um guia de viagem (Relais de L’Entrecôte). Comemos o tal do ‘entrecôte’, precedido de uma saladinha e seguido de um creme de bruillet (sobremesa famosa – creme de baunilha coberto por uma fina camada de calda de açúcar flambada. Dizem que a calda é flambada com maçarico, mas este eu não vi). Ah, tomamos cada qual uma taça de vinho tinto, que ninguém é de ferro!
Conta: $ 80E (mais ou menos R$ 240,00) – e o Paulo disse que o ‘filet’ da Recreativa é muito melhor (e é mesmo). Além disso, custa muito menos (R$ 35,00 um prato que serve duas pessoas).
Depois do jantar, ainda acabamos de percorrer a Avenue Champs Elysée até a Place de La Concorde e, no início do Parque Tuleries (que fica antes do Louvre), pegamos um metrô de volta para o hotel.
Na caminhada final pela Champs Elysée encontramos o restaurante Pino, mas não dava para jantar duas vezes.
Fomos dormir por volta da meia noite, depois de 25 horas de viagem, com 3 noites mal dormidas e 5 horas de fuso horário.
Nem sei como agüentamos.
Tomei um ansiolítico e dormi até às 9:00h do dia seguinte.
Sono profundo, mas com muitos sonos e pesadelos.

DIA 01 DE JUNHO DE 2009

Acordar não foi fácil. Precisei de muita água gelada no rosto e desci para o café da manhã com os olhos ‘inchadérrimos’.
Segunda-feira ensolarada e feriadão na França. Segundo meu guia (o Paulo, lógico), comemoravam a invasão da Normandia, na 2ª Guerra Mundial
Tomamos o café da manhã (básico, mas dava para o gasto) e saímos.
Compramos 10 bilhetes do metrô e fomos até a Place de La Concorde. Seguimos caminhando até o Sena e descemos pelo “quai”.
Pegamos em barco (Batobus), com direito de viajar o dia todo e saímos a passear pelo Sena.
Descemos no Museu D’Orsay que, de novo, como em 2000, estava fechado.
Olhávamos nosso inseparável mapa, quando apareceu uma mulher com uma grossa aliança de “ouro”, como se estivesse nos devolvendo um objeto encontrado. Dissemos que não era nosso e ela insistiu para que ficássemos com ela. Como não mostramos interesse, em seguida, pediu dinheiro para uma Coca-Cola ou um café.
Era um golpe, lógico!
Não se passaram mais dois minutos e, novamente, a aliança nos foi apresentada por um homem, com a mesma conversa. Parecia a Praça da Sé, em Sampa!!!!
Tomamos outro metrô e fomos até o Jardim de Luxemburgo. No caminho, encontramos um supermercado, onde compramos sanduíches, tortinhas de nozes e uma garrafa de vinho. Estava pronto nosso piquenique no parque.
O parque é muito bonito e, como era feriado, estava cheio de gente deliciando-se ao sol, ao redor de muito verde e belas flores (é primavera em Paris!).
Entramos no clima dos franceses e nos deliciamos.
Fizemos nosso piquenique sentados nas cadeiras que ficam espalhadas ao longo dos canteiros - imaginem o Paulo e eu tomando vinho no bico da garrafa (como não tínhamos copo, era assim ou nada).
Passeamos pelo parque, tirando muitas fotos, claro, e caminhamos até o famoso Boulevard Saint Germain, na esquina onde ficam os cafés de Flore e Deux Magots, bem como a Igreja Saint Germain des Prés.
Como se recomenda ao menos uma loucura por viagem, sentamos no Deux Magots e gastamos $ 35 E (em torno de R$ 100,00) para tomar um café expresso, uma água com gás (Evian!), uma tortinha de framboesa e um sorvete de chocolate com chantily.
Ouvi jazz tocado por um grupo de idosos ao lado da igreja e fomos caminhando até o Louvre.
Passeamos por ali, revendo a paisagem, pegamos o barco novamente e fomos até o Hotel de Ville, donde nos dirigimos para a igreja de Notre Dame e sentamos para descansar um pouco, pensando em esperar o início da noite (que só começa por volta das 22:00 h), tomar o barco mais uma vez e, ao longo do trajeto, ver os prédios todos iluminados.
Vale um comentário: antes de pegar o barco para o Hotel de Ville, já sentia meus pés doendo para caramba. Não tive dúvidas, peguei na mochila minhas sandálias Haviannas e com elas saí andando pelas ruas de Paris (ui, que alívio!!!).
Como ainda tínhamos algum tempo, resolvemos tomar um chopp num bar da esquina de Notre Dame, que o Bona havia comentado que era bom e por onde ele passou boas tardes. Pedimos duas canecas de “cerveja com pressão” e quase caímos duros de susto quando vimos o preço de cada um: $9,80E + 15% de serviços, ou seja, mais ou menos R$ 33,00 por chopp.
Essa, o Bona fica nos devendo!!!
O vento estava frio, começava a escurecer. Colocamos casacos, troquei os chinelos pelas sandálias e tomamos o barco para o tour noturno.
Fomos até a Torre Eiffel (que já estava iluminada e com luzes piscando – MARAVILHOSA!!!!!), mas não conseguimos acabar o trajeto, pois ali era o ponto final e tivemos que descer.
O vento já estava gelado e nós, depois de quase 12 horas de passeios e caminhadas, estávamos exaustos. Tiramos algumas fotos e rumamos para a estação do metrô mais próxima (mais ou menos 600 metros, que pareceram 600 km).
Nessa caminhada entre a Torre Eiffel e o metrô, recebi um torpedo do GEPE: um avião da Air France, que ia do Rio para Paris, havia “desaparecido” com mais de 200 pessoas a bordo. Merda!!!!
Ao lado do nosso hotel, comemos um panini e nos recolhemos para encerrar mais de 12 horas de passeio.
Banho quente e cama!
Bom, antes de dormir ... (não é o que estão pensando). Apenas, demos uma olhada no noticiário da CNN para saber do tal acidente aéreo.

Nossa viagem para Paris - 1ª parte




Em minhas viagens, nunca pensei em escrever um diário.
Quando, agora, resolvemos viajar para Paris, começamos a olhar as recordações das viagens anteriores e encontramos uma caderneta onde o Paulo anotou nossas peripécias por aquela cidade, em 2000. Resolvi, então, anotar algumas impressões e fatos ocorridos nessa viagem (30/05/2009 a 05/06/2009).
Achei interessante fazer isso, porque, com o passar do tempo, as impressões, percepções e as emoções se limitam às imagens das fotografias e algumas poucas lembranças na memória (no meu caso, muitas se perdem e só se reavivam se o Paulo relembrar).
Quem sabe também servirá para nossos amigos que, daqui alguns meses, estarão em Paris?
Na verdade, estou digitando o que anotei ao longo da viagem (chegamos a São Paulo no dia 05/06) e, com certeza, o texto original será “editado”, com inserção de outras observações e/ou supressão de anotações inúteis (sempre faço isso com aquilo que escrevo – é mania mesmo!).
Pretendia escrever tudo direto no notebook, mas a Paty disse que eu estava louca de levar um computador numa viagem para Paris (segundo o Ruy, ela ficou até ofendida de alguém pensar em usar computador tendo Paris para passear).
Já aviso: vou usar muitos pontos de exclamação, muitas reticências e muitos parênteses (ainda bem que não é prova de redação da FUVEST).
Vamos lá.

O PLANEJAMENTO DA VIAGEM

Nenhum.
Não tínhamos férias agendadas e nem cogitávamos viajar para a Europa, que nos parecia distante e inatingível nesse momento.
Era sábado, estávamos almoçando no shopping e reparamos num anúncio de promoção de viagem para várias cidades da Europa, com preço tentador e ainda parcelado em 10 vezes.
Não deu outra.
A tentação era muita e o vírus das viagens se aflorou com tudo.
Lá estávamos nós já discutindo qual o melhor hotel, a melhor data ...Foi assim... simples.
Devo confessar que me sentia uma irresponsável. Não me parecia correto resolver uma viagem dessa forma meio impensada. Ainda me lembro que, em 1988, na primeira vez que estive em Paris, a minha sensação era de que aquilo não se repetiria, porque era algo fora de cogitação na época, quando tudo era muito mais difícil, complicado e caro (hoje, uma viagem para alguns lugares do Brasil, pelo mesmo período em que estivemos em Paris, custa até mais caro).
De toda forma, às vezes, é preciso deixar de lado a razão para focar na emoção. Esquecer a necessidade e privilegiar a vontade.