Primeiro, em São Paulo...
Depois, em outras capitais e cidades...
As convocações para outras manifestações de protestos pululam na web...
Dizem que a próxima semana verá muitos outros atos de protestos...
Muito se escreveu e se "postou" sobre os acontecimentos... opiniões contra os manifestantes... opiniões a favor... a maioria, contra os atos de vandalismo e agressões...
Tristes os acontecimentos. Difíceis de entender, assimilar, aquilatar...
Tenho receio pelo desencadear dos fatos, cujos efeitos são imprevisíveis...
Tive sim, muito medo de que algo acontecesse com minha filha, que mora em São Paulo, e, num dos dias de protestos, exerceu o simples direito de assistir a uma peça num teatro perto da Av. Paulista (seria ela uma do povo a levar uma bala de borracha na cara?!?).
Tive sim vontade de também sair à rua e protestar, quando o serviço de telefonia móvel não funcionava e não conseguia comunicar-me com ela naquele momento... (vale destacar: serviço de telefonia é público e concedido pelo governo a empresas multinacionais, que dele extraem lucros absurdos e abusivos, e entregam serviço de péssima qualidade a preços extorsivos, se compararmos com outros países).
Mas, parece que algo mudou em nosso país, nesta semana.
Todos sabemos que a questão não é mais o aumento das passagens de ônibus em São Paulo.
Poderia até ter sido apenas isso, se nossos governantes e nossa polícia tivessem tido a sabedoria de separar o joio (baderneiros e oportunistas) do trigo (manifestantes da insatisfação geral do povo).
Não tiveram. E nem sabiam fazê-lo!
Trataram todos como bandidos.
Não eram.
Nossos governantes (antigos manifestantes e defensores do 'Estado Democrático de Direito' e do 'Abaixo a Ditadura') pensaram que o povo brasileiro nunca mais iria acordar do seu 'berço esplêndido' e aguentaria, indefinidamente, qualquer tipo de imposição governamental, fosse ela legítima ou não.
Premissa falsa!
O povo não suporta mais tantos desmandos, tantas maracutaiais, tantos impostos sem o devido retorno em bens e serviços, tantos gastos públicos sem transparência...
O povo irá às ruas sim...
Irá, não porque gosta de bagunça, porque quer "atrapalhar o trânsito" ou porque é de seu prazer "quebrar ônibus e metrô".
Irá, porque não há mais alternativa.
Irá, porque precisa ser ouvido e respeitado.
Irá, porque quer um país melhor.
Aos governantes de plantão e seus discípulos, fica a dica: OUÇAM O POVO. RESPEITEM O POVO QUE GOVERNAM. VERIFIQUEM O QUE ELE ALMEJA, QUAIS SÃO SEUS ANSEIOS, porque o "contraditório da cidadania"(1), mesmo que vocês nem saibam o que é e/ou não o entendam já é realidade!
(1) expressão utilizada no artigo 'Democracia Imatura?', de autoria de Juan Arias (traduzido por Alexandre Hubner), publicado na edição de hoje do jornal 'O Estado de São Paulo, caderno 'Aliás', p. E3
(2) as fotos acima inseridas circularam pela internet e não sei informar a autoria
(2) as fotos acima inseridas circularam pela internet e não sei informar a autoria
"Alguma coisa tá fora da ordem
ResponderExcluirFora da nova ordem mundial"
Caetano, há tempo, nos adverte em versos e notas musicais que a vida-do-outro carece de observação, de sentimento... De sentir o que uma outra pessoa sente. Alteridade e serendipidade são inerentes ao sujeito e são conceitos que nos tornam capazes de vencer a perversão narcísica dos grupos e instituições. A pulsão de um povo que luta por direitos democráticos suplanta as razões do capital... Da bufunfa... "Da grana que ergue e destrói coisas belas". Há que se radicalizar com estas ferramentas para que o caminho-do-meio seja encontrado. Há que se destruir a captura dessa "nova ordem mundial", a "Sociedade Mundial de Controle", tão falada por Foucault, que segrega, mata, aleja, depreda, isola e extingue as manifestações da singularidade múltipla encontrada na humanidade. E continuo a chamar a canção de Caetano:
" Meu canto esconde-se
Como um bando de Ianomâmis
Na floresta
Na minha testa caem
Vem colocar-se plumas
De um velho cocar..."